A senadora Vanessa Grazziotin, do PC do B, passou incólume, até agora, pelos frequentes bate bocas no Senado.
Não por se calar ou se acovardar. Ao contrário, é dura quando precisa ser. Na sexta, dia 26, depois de cenas de pugilato, disso que estava cercada por um “colégio eleitoral de exceção”.
Sua postura combativa na comissão do impeachment, ao lado de Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias, já a havia transformado numa referência fundamental na batalha contra o golpe.
Vanessa cresceu na foto e teve alguns grandes momentos nos últimos meses. Um deles foi quando inquiriu Janaína Paschoal sobre o pagamento que a advogada recebeu para fazer o parecer do impedimento, que serviu de base para o processo acolhido por Cunha. Janaína não teve saída senão admitir que ganhou 45 mil reais: “Eu fui contratada pelo PSDB em maio”.
“Nós temos uma arma secreta para vencer”, disse ela ao programa do DCM na TVT que vai ao ar no domingo, dia 28, às vésperas do pronunciamento de Dilma na Casa.
Segundo Vanessa, a acusação está fugindo das provas. “É porque não interessa o debate para eles”, afirma. “Eles perdem, pois quanto mais mostramos, mais fica claro que não houve crime cometido”.
O que ela pretende pergunta a Dilma no plenário? “Vou falar: ‘a senhora não está aqui na condição de ré, mas na condição de vítima’. Ela estará na frente de várias pessoas que até ontem a carregavam nos braços, apoiavam em tudo e agora lhe deram um chute”.
Segundo Lula à BBC Brasil, Dilma irá encarar “Judas Iscariotes”. Judas é alguém em específico?
“É o conjunto da obra, representado infelizmente pela maioria do parlamento brasileiro que pisou e rasgou a Constituição e transformou nosso sistema de presidencialista em parlamentarista”, diz.
“Fizeram isso por barganha, para parar a Lava Jato e aplicar o projeto politico deles, que é antagônico ao que está sendo feito nos últimos 13 anos”.
O caso mais emblemático de traição é o de Cristovam Buarque, do PPS, ex-ministro de Lula, o “indeciso” mais dissimulado da Disney World. “Ele vinha dando sinais da uma formação política e ideológica confusa”, define Vanessa, elegantemente.
“Ele sai do PDT e vai para o PPS, um apêndice do PSDB… A gente ja tinha uma diferença ideológica profunda”.
Vanessa faz uma conta para reforçar um discurso “da virada”. “Esses 22 votos e os 59 deles não representam a real correlação de forças. Vamos salvar o estado de direito. Quem senta na cadeira presidencial pela porta dos fundos pode fazer qualquer outro ato de violência e atentado à Constituição”, comenta.
“Estamos conversando com eles [os que ainda não abriram seu voto]. Perguntamos aos senadores e senadoras: ‘como você quer ficar para a história?’”
É cada vez mais claro, e a senadora sabe e tem mesmo denunciado isso, que o destino de Dilma está selado. Ela e seus amigos estão reforçando a fotografia do golpe.
Em algum momento, intimamente, dado que o jogo está combinado, ela pensou em jogar a toalha?
“De jeito nenhum. Não estamos lutando apenas para salvar o mandato de quem foi democraticamente eleito, estamos lutando para salvar a democracia brasileira”, diz. “Não pense que é só um caso de ela sai, ele entra e está tudo bem. Estamos lutando pela narrativa e temos expectativas de reverter o quadro. O que está em disputa é muito maior do que todos nós”.
Abaixo, alguns trechos da entrevista com Vanessa Grazziotin. A apresentação é de Marcelo Godoy e a direção de Max Alvim.
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