Entre desculpas e justificativas, senadores retomam depoimentos de testemunhas

Brasília – Depois do tumulto observado durante a manhã no Senado, os trabalhos da tarde foram iniciados após acordo firmado durante reunião entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e os senadores Jorge Viana (PT-AC), Humberto Costa (PT-PE), Eunício Oliveira (PMDB-CE), Ricardo Ferraço (PSDB-ES) e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), entre outros.  O objetivo é evitar novos embates e tornar a discussão mais técnica e focada no mérito do processo de impeachment.
Foi acertado entre os parlamentares contrários e favoráveis ao impeachment para que deixem de lado as questões de ordem que ainda pretendiam fazer e se atenham aos depoimentos das testemunhas previstas para falar ao longo do dia, uma vez que a tomada de depoimentos já está muito atrasada.
“Todos estamos trabalhando para isso e interessados em fazer com que o debate seja de conteúdo. Vivemos um momento dramático da história do país e o que queremos evitar é desrespeito e ataques pessoais por parte dos que nos fazem oposição, que ficam tentando desqualificar os colegas, com o intuito de intimidar”, disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), um dos responsáveis pelo início das discussões, durante a manhã.
“O episódio que foi visto horas atrás acabou por gerar uma compreensão generalizada entre os parlamentares de que temos de ser senadores e juízes, ao mesmo tempo. E para contribuir com a celeridade processual acertamos de retirar praticamente um terço de todas as assinaturas de inscrição por parte de integrantes de todos os partidos para ouvir as testemunhas. Até mesmo os que se confrontaram entre si esta manhã compreenderam os excessos de parte a parte”, afirmou também o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Desculpas e justificativas

Mas apesar dos acordos firmados, várias manifestações já estão sendo feitas, como forma de desculpas e justificativas sobre as frases proferidas durante a manhã. Por parte do presidente do STF, Ricardo Lewandowski, ele já divulgou, por meio de sua assessoria de imprensa, que quando afirmou que se a situação continuasse como estava seria obrigado a tomar providências de ordem policial gostaria de esclarecer o tom em que foi feita tal afirmação.
O ministro explicou que com esta expressão não estava ameaçando prender ninguém, mas usar a prerrogativa que lhe cabe enquanto presidente dos trabalhos de encerrar ou suspender sessões e até de pedir para serem desligados os microfones do plenário, sempre que considerar necessário.
Também é dado como certo que o senador Renan Calheiros se prepara para divulgar uma nota pública onde esclarece que, quando disse que interveio junto ao STF pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), se expressou mal.
O senador já antecipou para vários colegas que ao se dirigir a Gleisi, quis fazer uma referência ao fato de ter sido enviado à mais alta Corte do país, pelo Senado, um documento questionando o fato de a Polícia Federal ter entrado na casa da senadora – uma vez que a residência em questão consiste num apartamento funcional – sem que fosse pedida autorização prévia ao Congresso Nacional.
Nem todos, no entanto, acreditam em palavras equivocadas por parte de Renan, mas todos reforçaram o discurso de que o momento é de acalmar os ânimos.
Na mesma linha da carta que se espera ser divulgada pelo presidente da Casa, o senador Lindbergh Farias se justificou dizendo que não quis ofender ninguém desde o início dos debates e sim, defender a colega Gleisi Hoffmann.
Enquanto várias reuniões foram realizadas em paralelo nos gabinetes de muitos senadores, nas últimas horas, já é tida como certa a continuidade dos trabalhos amanhã (26), um sábado, como forma de permitir que a presidenta afastada Dilma Rousseff possa comparecer na próxima segunda-feira (28) ao Senado para apresentar pessoalmente sua defesa. No momento, está dando seu depoimento aos parlamentares o economista e professor Luiz Gonzaga Belluzzo, que foi arrolado como testemunha da defesa de Dilma.
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