Ex-auditor do Tribunal de Contas da União Antônio Carlos Costa D'Ávila Carvalho admitiu ter atuado na representação do Ministério Público contra a presidente Dilma Rousseff por operações de crédito consideradas ilegais com bancos públicos; "É o mesmo que um juiz auxiliasse um advogado a elaborar a petição que seria dirigida a ele para que ele pudesse acolhê-la. É gravíssimo", afirmou o advogado de defesa de Dilma, José Eduardo Cardozo
Reuters - O ex-auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Antônio Carlos Costa D'Ávila Carvalho admitiu ter auxiliado na redação da representação do Ministério Público contra a presidente afastada Dilma Rousseff por operações de crédito consideradas ilegais com bancos públicos, o que foi considerado pela defesa da petista como algo "gravíssimo" durante o julgamento do processo de impeachment.
Ouvido como testemunha da acusação na noite de quinta-feira, em uma sessão com 15 horas de duração, o ex-auditor foi questionado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) se havia contribuído com o procurador do Ministério Público da União junto ao TCU Júlio Marcelo de Oliveira na elaboração da representação, apesar de como auditor ter sido responsável posteriormente por avaliar a questão.
"Formalmente a representação foi apresentada pelo dr. Júlio. Cabia a ele decidir se faria ou não, mas sim eu conversei com ele antes da apresentação da representação, passei a ele alguns conceitos porque envolvia questões de apuração de resultado fiscal, e em função do que estava colocado nos jornais ele queria obter mais informação com relação a isso. Auxiliei na redação de alguns trechos da representação", disse o ex-auditor, acrescentando, no entanto, que atuou "dentro da legalidade, dentro dos limites e com muita responsabilidade".
Ao questionar a testemunha pouco depois, o advogado de defesa de Dilma, o ex-ministro José Eduardo Cardozo, disse que a defesa ficou "absolutamente estarrecida" com a revelação do ex-auditor e disse se tratar de algo grave.
"O Ministério Público pede o auxílio de um auditor, que tem o dever da imparcialidade funcional, para preparar uma representação, e esta representação é dirigida ao próprio auditor", afirmou. "É o mesmo que um juiz auxiliasse um advogado a elaborar a petição que seria dirigida a ele para que ele pudesse acolhê-la. É gravíssimo."
Em seu depoimento, o ex-auditor federal de Controle Externo do TCU acusou o governo da presidente afastada Dilma de saber que realizava operações de crédito ilegais com bancos públicos e continuou com as mesmas práticas no ano de 2015.
Carvalho foi a segunda pessoa ouvida no primeiro dia do julgamento. Antes dele, foi ouvido justamente o procurador do Ministério Público da União junto ao TCU Júlio Marcelo de Oliveira. As testemunhas da defesa serão ouvidas a partir desta sexta-feira, após um primeiro dia marcado por clima de tensão.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)
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