Lula conclama movimentos a se unirem em torno de um projeto para o país

APÓS INVASÃO

Ex-presidente participou hoje de ato com movimentos sociais e de trabalhadores, artistas e intelectuais contra invasão da Escola Florestan Fernandes, ontem, pela Polícia Civil

por Redação RBA publicado 05/11/2016 17:34, última modificação 05/11/2016 18:29
MÍDIA NINJA/FACEBOOK
mss.jpg
São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu seu discurso na tarde de hoje (5), em ato realizado na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema, em São Paulo, propondo uma reflexão sobre a conjuntura política no Brasil. "Não sei se nós já construímos uma teoria para entender o que está acontecendo", disse, ao levar solidariedade ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pela invasão policial na escola na manhã de ontem. "Precisamos de um diagnóstico preciso, juntar o máximo de pessoas em torno desse diagnóstico, com propostas. O que nós vamos propor para este país para os próximos 20, 30 anos? Qual proposta vamos construir?
"Estamos na hora de construir alguma coisa mais sólida, não é partido, não é entidade, é um movimento. Até agora o que melhor fizemos foram as Diretas Já. Mas agora precisamos criar um movimento para restabelecer a democracia neste país", disse, sendo acompanhado por gritos de 'Fora, Temer' e 'Volta, Dilma'. Afirmou que é preciso unir as ideias para que se possa "acreditar que é possível".
Disse que as pessoas não devem se preocupar com ele e seu futuro: "Tenho casca dura". A preocupação agora é com os movimentos sociais. "Há um movimento de criminalização dos movimentos de esquerda."
O ex-presidente lamentou todas as conquistas sociais que já foram por terra: "Se Temer quer resolver os problemas do Brasil, coloque os pobres no orçamento".
Lula mencionou várias vezes o protagonismo do Brasil diante das relações exteriores nos últimos anos e que essa postura mudou com o atual governo, representando uma volta ao tempo de "lambe-botas" dos Estados Unidos. Lembrou que por coincidência, hoje (5 de novembro), faz 11 anos que o Brasil eliminou a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), mudando sua então postura subserviente diante dos norte-americanos.
A ex-presidenta Dilma Rousseff enviou mensagem por escrito que foi lida durante o ato: "É uma ameaça à democracia que envergonha o país aos olhos do mundo", disse.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) denunciou a seletividade da Justiça, os retrocessos advindos com o golpe parlamentar e a necessidade de resistência e conexão com a América Latina contra a investida neoliberal. "É um golpe continuado que criminaliza os movimentos sociais, como o MST. Temos uma Justiça seletiva que persegue partidos de esquerda, organizações populares; para essa Justiça, o PT é uma organização criminosa, o MST é uma organização criminosa. O Poder Judiciário tomou de vez as atribuições do Poder Legislativo."
Milhares de pessoas ligadas a movimentos sociais, artistas, intelectuais e representantes de trabalhadores participam do ato de solidariedade.
O tom dos discursos foi de resistência diante do que foi considerado um "tapa na cara" desferido pela direita. Na manhã de ontem, cerca de dez viaturas chegaram ao local. Os policiais pularam o portão da escola e a janela da recepção e entraram atirando em direção às pessoas que ali estavam.
A operação decorreu de ações deflagradas no estado do Paraná e Mato Grosso do Sul, ligadas ao caso Araupel, empresa que há décadas explora irregularmente parte de uma área considerada pública no município de Quedas do Iguaçu, no Paraná.
A empresa tem um histórico de conflito e degradação ambiental na região, com a substituição das matas nativas por monocultura de pinus e araucária, visando a indústria da madeira.
Desde maio de 2014 aproximadamente 3 mil famílias acampadas, ocupam áreas griladas pela Araupel. Essas áreas foram griladas e por isso declaradas pela Justiça Federal terras públicas, pertencentes à União que devem ser destinadas para a reforma agrária.
Share on Google Plus

About Unknown

0 comentários :

Postar um comentário