247 - Lideranças importantes do PSDB e do DEM aumentaram nos últimos dias o tom contra o governo interino de Michel Temer (PMDB). Às vésperas do que acreditam ser a confirmação do impeachment, começaram as cobranças por rigor no ajuste fiscal sob pena de rompimento. Há duas vertentes na ação rebelde de tucanos e democratas. A primeira, não querem se associar a um eventual fracasso no governo do peemedebista. A segunda, exigir medidas impopulares para evitar que o próprio Temer ou que ministros do governos viabilizem uma eventual candidatura presidencial em 2018.
A avaliação é de que o governo não tem o real interesse em tomar as medidas necessárias ao ajuste fiscal. Nesse meio tempo, a inflação resiste em índices elevados, o desemprego aumenta e a economia continua no buraco, frustrando a opinião pública, que tem apoiado o impeachment após o esforço do Congresso e da mídia de que o afastamento de Dilma Rousseff, independente de qualquer comprovação de crime, seria a solução para todos os problemas nacionais.
Neste sábado (27) o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) voltou a apontar sua metralhadora em direção ao Jaburu. Disse em artigo na Folha que é preciso que sinais claros sejam emitidos pelos que o sucedem. “E não estão sendo. O ajuste fiscal do governo Temer tornou-se uma encenação, que começou com a aprovação de reajustes para 14 categorias de servidores, e prossegue com mais uma leva de aumentos. O dos salários do Supremo Tribunal Federal, por exemplo, repercute em cascata sobre outras remunerações, como a dos deputados e senadores. Como se não bastasse, fala-se na recriação de ministérios recém-extintos para acomodar aliados.”
Antes, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), ao longo da semana, disse que o Brasil está vivendo um paradoxo, pois, enquanto enfrenta uma crise fiscal "sem precedentes", o PMDB, com aval do governo, articula votação de reajustes para servidores públicos. Para o senador cearense, o partido de Temer precisa definir seu posicionamento e assumir se é governo ou se quer fazer graça para alguns: "O governo dá uma sinalização para a gente, e outra para fora", criticou o tucano.
As declarações de Tasso sucedem críticas duras do mineiro Aécio Neves. O senador tucano afirmou que os responsáveis por irregularidades nas contas da campanha da chapa que elegeu Dilma e Temer como vice, em 2014, devem "responder criminalmente" por elas. "O PSDB fez a sua parte. Aguarda agora o julgamento das contas. Não é papel do PSDB decidir qual jurisprudência seguirá o TSE", disse. Aécio também mandou um recado a Temer: "Este não é o governo do PSDB. É um governo de transição, um governo constitucional. Quando afastada a presidente, estaremos sempre ao lado".
As queixas das lideranças que incensaram Temer como estratégia para derrubar Dilma, coincidem com sinais de que lideranças do governo provisório, a exemplo do ministro Henrique Meirelles (Fazenda) ambicionariam disputar o Palácio do Planalto nas eleições de 2018. Bastou para a artilharia cair sobre a frouxidão da equipe financeira em relação ao ajuste fiscal. Avaliam que Meirelles foge de medidas duras para não prejudicar futuras incursões na seara eleitoral.
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