De acordo com o que foi apresentado no dia das operações, Paulo Cesar Morato controlava a empresa individual de responsabilidade limitada, sendo o único sócio responsável, com um capital social de R4 600 mil. Foi esta empresa que recebeu R$ 19 milhões da construtora OAS, grupo que já foi investigado na Operação Lava Jato e cujos principais executivos já foram condenados por corrupção ativa e desvios de recursos público incluindo a refinaria Abreu e Lima e a refinaria Getúlio Vargas, no Paraná.
A OAS também está sendo investigada na Operação Vidas Secas, na Justiça Federal de Serra Talhada, por suspeita de direcionamento da licitação e superfaturamento na execução das obras da transposição.
A Câmara e Vasconcelos, aliás, mudou de nome em agosto de 215, justamente um ano depois da morte do ex-governador Eduardo Campos, em um acidente aéreo em São Paulo. A empresa passou a se chamar Morato Locação e Terraplenagem LTDA.
Apresenta como uma empresa de fantasma e constituída por “laranjas confessos”, segundo a PF, a Câmara e Vasconcelos no entanto não era a única empresa ligada ao morto.
Além da Câmara e Vasconcelos e da empresa Vasconcelos e Câmara LTDA, Paulo César Morato era também o único sócio de outra empresa fantasma, de nome Lagoa Indústria e Comércio LTDA. Por meio de várias operações fracionadas, repassadas por laranjas como Artur Rosal e Kleyton Rosal, a empresa recebia recursos da empresa de fachada West Pneus, de Goiás.
Em uma única operação, a Lagoa Indústria recebeu créditos no valor de R$ 4,1 milhões, de empresas como a A. M. de Pontes Pneus, uma das empresas fantasmas ligadas ao empresário Apolo Santana Vieira. Da mesma forma, ela se relacionava financeiramente com outra fantasma chamada Tonimar Pneus.
De acordo com os registros da PF, os créditos enviados pela fantasma West Pneus abasteciam as contas da Câmara e Vasconcelos e outras empresas de fachada menores, como uma galeria de arte, uma rede de postos de gasolina e a empresa Smartcred Securitizadora, na qual trabalhava uma irmã do empresário Apolo Santana Vieira, apontado como um dos cabeças do esquema. Muitos dos recursos eram intermediados pela empresa Negocial Factoring, que opera na capital pernambucana.
A empresa de fachada que ficou mais conhecida no esquema foi a Geovane Pescados, por ter como responsável um pescador. A PF descobriu que mais de R$ 21 milhões foram movimentados na conta da empresa, incompatíveis com a capacidade econõmica da empresa, indicando para a PF que se tratava mesmo de lavagem de dinheiro.
Ainda não citada no esquema, a empresa Tecpro Locação estava no nome de dois laranjas e seria ligada ao empresário Eduardo Freire Bezerra Leite. Ela teria realizado inúmeras operações suspeitas envolvendo outras empresas investigadas. O sócio formal, Bruno Felipe Marques de Mattos Silva, apesar de operar recursos elevados no papel, recebia um salário mínimo, segundo constatou a PF nas diligências de campo. Um funcionário do Bradesco de Piedade também pode ter participado do esquema, segundo os relatórios da PF.
Ainda de acordo com as investigações da Polícia Federal, participava ativamente do esquema a empresa Ele Leite Negócios Imobiliários (Leite Imobiliária), que em uma única operação recebeu créditos de R$ 5 milhões do empresário Carlos Lyra Filho, outro dos cabeças do suposto esquema, entre janeiro e agosto de 2014, quando o avião de Eduardo Campos caiu em São Paulo. Ela repassava recursos também da empresas Camboa Cerâmica, ambas pertencentes a Eduardo Freire Bezerra Leite, preso e apontado como um dos três líderes do que a PF chamou de organização criminosa.
No mesmo endereço da Ele Leite funcionavam mais quatro empresas (Camboa Cerâmica, MM Administradora e Gestora de Bens, E e S Administradora de Bens, Jocape Administradora e Gestora de Bens). Por coincidência ou não, a Jocape já teve como sócios Eduardo Freire Bezerra Leite e João Carlos Lyra Pessoa de Melo. A empresa foi mencionada pelo COAF por operações suspeitas com joão Carlos Lyra e com a arrendatária da aeronave de São Paulo (AF Andrade Empreendimentos e Participações).
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