Integrantes da comissão pediram mais tempo para analisar teor do relatório. Relator recomendou anular votação de parecer do Conselho de Ética.
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Após a conclusão da leitura do parecer do deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF) que analisou recurso de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara concedeu nesta quarta-feira (6), a pedido de integrantes do colegiado, tempo extra para os deputados analisarem o relatório. A discussão e a votação do documento foram adiadas para a próxima segunda-feira (11).
Considerado aliado do presidente afastado da Câmara, Ronaldo Fonseca recomendou ao colegiado em seu voto, na sessão desta quarta, anular a votação do relatório do Conselho de Ética que opinou favoravelmente à cassação do mandato do peemedebista. No parecer, o deputado do Distrito Federal sugeriu à CCJ que seja realizada uma nova votação no conselho para analisar o processo de perda de mandato.
O presidente afastado da Câmara comunicou, por meio de sua conta pessoal no microblog Twitter, que pretende comparecer pessoalmente na sessão que analisará o recurso. Os advogados de Cunha comunicaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) a intenção do peemedebista de ir pessoalmente à CCJ no dia da votação do relatório.
Ronaldo Fonseca foi alvo de críticas ao ser indicado para a relatoria do recurso por ser considerado um aliado de Cunha. Apesar das pressões para substituir o deputado do Distrito Federal do posto de relator, o presidente da CCJ, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), decidiu mantê-lo na função.
Cunha recorreu da decisão do Conselho de Ética que recomendou a cassação de seu mandato e citou pontos do processo que, segundo ele, foram irregulares (veja mais detalhes sobre o recurso de Cunha abaixo).
O presidente afastado também alegava no recurso que seu direito de ampla defesa não foi respeitado no Conselho de Ética. Ele argumentou à CCJ que deveria ter sido ouvido antes da votação da admissibilidade do relatório pela sua cassação.
Cunha reclamou ainda que a escolha do relator de seu processo no Conselho de Ética foi irregular. O peemedebista disse que o sorteio para definição da relatoria foi realizado depois da ordem do dia do conselho, mas, na avaliação dele, teria que ser feito durante a ordem do dia.
Na conclusão de seu relatório, Fonseca negou parte dos recursos apresentados à CCJ pela defesa de Cunha, mas aceitou o argumento que a votação do parecer elaborado pelo deputado Marcos Rogério (DEM-RO) deve ser anulada (assista ao vídeo acima).
"Diante do exposto, não conheço dos Recursos nºs 107 e 108, de 2015, e 114, de 2016, e conheço parcialmente do Recurso nº 144, de 69 2016. Na parte conhecida, dou-lhe parcial provimento, apenas para anular a votação do Parecer do Relator, Deputado Marcos Rogério, referente à Representação nº 01/2015, realizada no dia 14/06/2016, devendo outra ser realizada em estrito cumprimento às normas regimentais", diz trecho do relatório.
"Neste particular, portanto, o recurso deve ser acolhido para que se anule a votação do parecer realizada no dia 14/06/2016, devendo outra ser realizada, com estrita observância às normas regimentais", complementou em outro ponto do documento.
Votação
Ao final da sessão, Serraglio decidiu acolher um requerimento de adversários de Cunha e convocou a próxima reunião da comissão para segunda, às 16h. Ele explicou que a defesa terá o mesmo tempo que o relator levou para ler o relatório, que foi de pouco menos de duas horas e meia.
Ao final da sessão, Serraglio decidiu acolher um requerimento de adversários de Cunha e convocou a próxima reunião da comissão para segunda, às 16h. Ele explicou que a defesa terá o mesmo tempo que o relator levou para ler o relatório, que foi de pouco menos de duas horas e meia.
Tanto o advogado Marcelo Nobre quanto o próprio Eduardo Cunha poderão falar e até dividir esse tempo entre si.
Em seguida, será a vez dos deputados inscritos para debater o parecer. Membros terão 15 minutos e não-membros, 10 minutos. Depois, o relator terá mais 20 minutos para réplica e a defesa, outros 20 minutos.
Serraglio considera muito difícil que a votação aconteça na segunda, mas disse estar disposto a varar a madrugada se for preciso. Ele ponderou que a duração da sessão vai depender do número de inscritos e dos recursos regimentais que podem adiar a votação.
Se a CCJ rejeitar o parecer de Fonseca, o processo de Cunha vai direto para o plenário, que terá a palavra final sobre a sua cassação.
Em tese, se isso acontecer na segunda (11), haveria tempo regimental para que o processo fosse incluído na pauta de votação de quinta-feira (14), antes mesmo do início do recesso parlamentar, que começa a partir da outra segunda-feira (18).
'Absolutamente tranquilo'
Pouco antes de dar início à leitura do seu parecer, por volta das 10h30 desta quarta-feira, Fonseca se justificou, dizendo que sabia de que será cobrado pela sua posição no relatório. Ele, no entanto, afirmou que está “absolutamente tranquilo com a minha consciência”.
Pouco antes de dar início à leitura do seu parecer, por volta das 10h30 desta quarta-feira, Fonseca se justificou, dizendo que sabia de que será cobrado pela sua posição no relatório. Ele, no entanto, afirmou que está “absolutamente tranquilo com a minha consciência”.
“Sei o quanto serei cobrado pela minha posição, não tem receio, minhas convicções defenderei sempre”, enfatizou.
“Estou absolutamente tranquilo com a minha consciência e com meu dever cumprido”, acrescentou Fonseca no plenário da CCJ.
Ainda na tentativa de rebater prováveis críticas, o relator do recurso de Cunha na CCJ disse, antes de iniciar a leitura do voto, que se considera um “árduo defensor da Lava Jato”, mas que não iria se “curvar a qualquer tipo de pressão”.
Conselho de Ética
Presidente do Conselho de Ética da Câmara, o deputado José Carlos Araújo (PR-BA) acompanhou parte da leitura do parecer de Ronaldo Fonseca na sessão da CCJ. Ao G1, o parlamentar baiano disse que o relator da Comissão de Constituição e Justiça elaborou seu parecer de forma técnica. Araújo, entretanto, ressaltou que não concorda com a recomendação para anular a votação no Conselho de Ética.
Presidente do Conselho de Ética da Câmara, o deputado José Carlos Araújo (PR-BA) acompanhou parte da leitura do parecer de Ronaldo Fonseca na sessão da CCJ. Ao G1, o parlamentar baiano disse que o relator da Comissão de Constituição e Justiça elaborou seu parecer de forma técnica. Araújo, entretanto, ressaltou que não concorda com a recomendação para anular a votação no Conselho de Ética.
Para o deputado do PR, o sistema de votação foi uma escolha unânime de todos os integrantes do colegiado. Araújo disse não acreditar que a CCJ vá aprovar o relatório de Fonseca acatando parcialmente o recurso de Cunha.
“Não admito essa hipótese de refazer a votação [no Conselho de Ética], porque não tem amparo regimental. Colocamos em votação o requerimento de um deputado pedindo a votação por chamada e ele foi aprovado por unanimidade. Por unanimidade”, frisou o presidente do Conselho de Ética.
Caso a comissão venha a aprovar o relatório de Fonseca, Araújo disse que será necessário estudar um calendário para remarcar a votação.
Recurso
No recurso apresentado à CCJ, Cunha questiona diversos pontos que considera erros de procedimento na tramitação do processo que o investigou no Conselho de Ética. Ele responde por, supostamente, ter ocultado contas bancárias no exterior e ter mentido sobre a existência delas em depoimento à CPI da Petrobras.
No recurso apresentado à CCJ, Cunha questiona diversos pontos que considera erros de procedimento na tramitação do processo que o investigou no Conselho de Ética. Ele responde por, supostamente, ter ocultado contas bancárias no exterior e ter mentido sobre a existência delas em depoimento à CPI da Petrobras.
Ele nega as acusações e afirma ser beneficiário de fundos geridos por trustes (empresas jurídicas que administram recursos).
No recurso, Cunha questiona diversos pontos do processo contra ele no conselho.
Para o peemedebista, os aspectos questionados devem levar à nulidade do processo. Confira abaixo os principais itens apontados no recurso:
– Prazo para defesa: recurso questiona não ter sido concedido prazo para a defesa se manifestar antes da apresentação do parecer preliminar, que foi votado para decidir se o processo deveria ter continuidade ou não.
– Nulidade da escolha do relator: documento aponta que indicação do relator foi feita quando a sessão do Conselho de Ética já havia sido encerrada.
– Nulidade do aditamento à representação: recurso contesta aditamentos feitos pelo PSOL à representação, anexando novas suspeitas contra o presidente afastado da Câmara.
– Impedimento do presidente do Conselho de Ética: documento questiona parcialidade do presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA), a quem a defesa atribui “inimizade capital” em relação a Cunha.
– Impedimento do relator: para defesa, o relator Marcos Rogério, ao migrar do PDT para o DEM, foi para um partido que integrou o bloco parlamentar formado pelo PMDB no início da legislatura. Pelas regras da Casa, o relator não pode ser nem do partido nem do bloco do representado.
– Vedação ao duplo processo: defesa fala na possibilidade de serem tomadas decisões contraditórias, devido ao fato de Cunha ser investigado na Justiça pela mesma acusação atribuída a ele no Conselho de Ética.
– Nulidade do requerimento de votação: recurso questiona o procedimento de votação do parecer final, em que os deputados foram chamados um a um no microfone para dar o seu voto. Para a defesa, a votação tinha que ter ocorrido através do painel eletrônico.
– Negativa de verificação: a defesa de Cunha questiona o fato de não ter sido concedida verificação da votação de requerimento durante a votação. O argumento outra vez é que a deveria ter havido votação através do painel eletrônico.
– Ausência de encaminhamento: o recurso também defende que não houve encaminhamento de voto pelos líderes partidários durante análise de requerimento na votação.
– Cerceamento de auto-defesa: Cunha também que seja feita nova votação, desta vez com Cunha presente para fazer sua autodefesa.
– Suspensão do processo em razão da suspensão do mandato: a defesa também afirma que a suspensão do exercício do mandato parlamentar de Cunha deveria causar a imediata suspensão do processo no colegiado.
A CCJ não poderá se manifestar sobre o mérito do que foi decidido no conselho, mas apenas sobre o rito. Na prática, porém, se a comissão entender que houve algum problema regimental, o processo terá que ser reaberto no Conselho de Ética, o que exigirá mais tempo para um desfecho do caso.
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Processo
Após a leitura na sessão de quarta, a defesa poderá se manifestar pelo mesmo tempo que o relator usar para ler o seu parecer. Se preferir, porém, caso seja pedida vista, a defesa poderá optar por esperar a sessão seguinte para se pronunciar.
Após a leitura na sessão de quarta, a defesa poderá se manifestar pelo mesmo tempo que o relator usar para ler o seu parecer. Se preferir, porém, caso seja pedida vista, a defesa poderá optar por esperar a sessão seguinte para se pronunciar.
O advogado Marcelo Nobre, que faz a defesa de Cunha no Conselho de Ética, já confirmou sua presença. Pelas regras da CCJ, a defesa pode ser feita pelo advogado ou pelo recorrente, no caso, Cunha. Não há, porém, confirmação de que Cunha irá pessoalmente à sessão da comissão.
Na semana que vem, vencido o prazo de pedido de vista, terá início a discussão sobre o relatório. Os deputados poderão se inscrever para falar contra e a favor. Membros da CCJ terão 15 minutos e não-membros, 10 minutos.
Também haverá tempo para os líderes partidários se manifestarem - o tempo varia de 3 a 10 minutos de acordo com o tamanho da bancada. Em seguida, o relator poderá fazer uma réplica por 20 minutos e a defesa poderá falar mais uma vez por 20 minutos. O passo seguinte é a votação, que acontece por meio do painel eletrônico.
Plenário
Depois da fase de recurso, a decisão final sobre a cassação de Eduardo Cunha ficará a cargo do plenário da Câmara. Diante da possibilidade de a Câmara paralisar os trabalhos por conta do “recesso branco” neste mês, a definição sobre o caso pode ficar só para agosto.
Pela Constituição, deputados e senadores têm direito a férias do dia 18 ao dia 31 de julho, mas desde que tenha sido votada a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o ano seguinte, que traz uma previsão com as receitas e despesas.
Quando isso não acontece, a praxe nos últimos anos tem sido não marcar nenhuma votação no período, o que libera os parlamentares para as férias extraoficiais, ou chamado “recesso branco”.
Depois da fase de recurso, a decisão final sobre a cassação de Eduardo Cunha ficará a cargo do plenário da Câmara. Diante da possibilidade de a Câmara paralisar os trabalhos por conta do “recesso branco” neste mês, a definição sobre o caso pode ficar só para agosto.
Pela Constituição, deputados e senadores têm direito a férias do dia 18 ao dia 31 de julho, mas desde que tenha sido votada a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o ano seguinte, que traz uma previsão com as receitas e despesas.
Quando isso não acontece, a praxe nos últimos anos tem sido não marcar nenhuma votação no período, o que libera os parlamentares para as férias extraoficiais, ou chamado “recesso branco”.
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